Propósito e Desígnio
Nos últimos anos, muito tem se falado sobre propósito ou “desígnio” de vida. Há tanta especulação e contradição sobre o tema, que comecei a me preocupar com a questão: – “Estarei cumprido o meu desígnio, e o que me propus realizar, ao encarnar?”
Se não bastasse a inquietação natural, a cobrança social, impiedosa e petulante, onera ainda mais, o peso da dúvida: -“estarei no meu caminho?”
Após longa busca de respostas sobre o tema, penso que algumas das minhas reflexões, possam acalmar a pergunta que não quer calar: -“para onde vou?”
A pirâmide da imagem, criada por Robert Wong, mostra a evolução padrão das carreiras profissionais.
A maioria das pessoas busca meios para suprir suas necessidades básicas. Assim que podem, buscam um “trabalho” e vão se locomovendo em busca de melhor remuneração, aqui e ali, a fim de alcançar certa estabilidade, em um “emprego”.
Por outro lado, há fases diferentes nas trajetórias de carreira, de acordo com as necessidades de cada pessoa. Aqueles que conseguem estudar, alcançam uma “profissão”.
Seu estudo o habilita para determinada “profissão”. No entanto, nem sempre a habilitação significa melhor remuneração. E, o fato de ter uma profissão, não implica em realização, propósito ou felicidade.
Em geral, os jovens ao conquistarem sua profissão, focam seu olhar no crescimento da “carreira”, visando ter um futuro estável, com melhores cargos, promoções e maior remuneração,
Quando tudo é alcançado, e torna-se o mais novo presidente, milionário, da multinacional, é muito louvável. (Supondo que tenha sido pelo esforço pessoal, honestidade, integridade e ética). Mas, ainda fica o topo da pirâmide a preencher o vazio da alma: – O “propósito”; o “para que?”. – E sem a resposta, o vazio machuca, apesar do esforço e das conquistas.
“Deixa tudo e me segue ?” Mateus 16:24 João 8:12
Acho importante deixar um alerta, sobre a atual manipulação, com interpretação duvidosa, da famosa frase do Mestre: – “Deixa tudo e me segue”. – Quantas pessoas estão deixando empregos, família e conquistas pessoais, com a ilusão de que encontrarão seu propósito na inércia, na pobreza e longe dos deveres ou do esforço pessoal.
O propósito é único para cada um. Eu o encontrei, observando o “modo como atuo”, nos diferentes locais. E foi com esta auto-análise, que interpretei a frase de Jesus. O que deve ser deixado é o “apego” ao personagem profissional, para seguir o Rabi Interno do propósito pessoal, revelando a Luz ao mundo.
Luz é a sua amorosidade, o seu dom, a sua cooperação com o progresso do meio que está inserido, a sua paciência, o seu esforço pessoal no cumprimento do dever. Além do seu respeito aos outros, no dia-a-dia, no trânsito, com a família, amigos, desconhecidos, ou no trabalho.
Penso ser este o nosso propósito: –“Desapegar-se da forma* e seguir o seu melhor modo de agir”
Relacionar-se melhor com o meio e com as pessoas
Relacionar-se melhor, pode ser com uma palavra bem humorada, um sorriso, na cooperação com um familiar, atendendo um doente, escrevendo um texto ou sendo um bom colega de trabalho, lavando a louça. Em tudo, vejo apenas um “MEIO” de exercitar, o propósito de melhorar-me.
Há momentos na vida, em que o dinheiro é fator de subsistência, mas à medida em que o tempo passa, as necessidades vão mudando e os interesses passam a perder importância. Outras prioridades se revelam, e se você não for apegado à sua imagem profissional e abrir mão da vaidade e do status que seu cargo representa, irá encontrar seu propósito em inúmeras possibilidades de agir diferente.
Às vezes, é preciso “deixar ir” o que já não faz mais parte do “Propósito Divino” na nossa vida. Mas, este deixar ir, não são coisas, empregos ou pessoas, são as crenças, hábitos arraigados, preguiça, comodismo, vaidade e outras viciações comuns a todos, e que camuflamos.
Resiliência ou teimosia?
Enganamos a nós mesmos, tentando nos preencher de valores passageiros, distrações, ou interpretando “apego” como “resiliência”, ou “teimosia” e “vaidade” como “firmeza”. Não acreditando na possibilidade de uma vida feliz, preenchida pelo afeto.
Seguir leve, sem apego e vaidade, no fluxo que a vida apresenta a cada momento, é diferente para cada um. Buscar fazer o nosso melhor, estando onde estivermos, não importa em que condição, ou com quem.
Um modo simples, que não julga a escolha de ninguém, mas respeita o tempo e a maturidade de cada um. Ao mesmo tempo, em que não permite que a hipnose coletiva, o julgamento e a pressão social nos envolva.
Manter o foco no propósito pessoal, quando o “mundo” parece ser contrário a ele, gera muito assédio e ataques de todo tipo. Manter-se na integridade, fazendo aquilo que se acredita e o que a vida te pede no momento, é questão de “força Interior”, de autoconfiança e planejamento estratégico. – Aí sim, pode-se usar o termo “resiliência”, por conseguir continuar, apesar de tantos torcerem contra e desacreditarem. É o trabalho do herói.
Há pessoas que acreditam, que o mais importante na vida é dinheiro e poder. Penso que seria útil, iniciar uma jornada de autoconhecimento. Pois, realização e felicidade têm a ver com “Propósito” e afeto.
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Mais algumas considerações sobre propósito e trabalho, você pode ver clicando aqui