Paz é causa ou consequência?

Para falar sobre causa e consequência, parece-me mais sensato analisar os opostos dentro da visão de dualidade. Uma maneira  imparcial e abrangente, lembrando que tudo tem dois lados dentro do equilíbrio dos opostos, descrita na lei do Tao como: -“em toda a escuridão há um ponto de luz e em toda a luz há um ponto de escuridão”.

Seguindo a imparcialidade e o equilíbrio evitamos julgamentos e observamos que Paz é tanto causa como consequência. É causa, como motivo primário de todas as nossas buscas existenciais e na conquista da manifestação da “essência da alma, que brilha mais que bilhões de sóis juntos”¹. É consequência adquirida, nas nossas atitudes equilibradas para mantê-la.

-E como mantê-la em nosso corre-corre diário? – Em uma grande cidade, problemas financeiros, afetivos ou de saúde?

-Penso que é um treino constante de aquisição infinita, não só desta vida, mas para toda a eternidade.

A pessoa que se perdeu de si, perde sua identidade cósmica de seguir na busca de objetivos maiores. Esta é a grande “Causa”:      – A busca de si!

Nos momentos em que o ego identifica a existência do self, ou quando o observado aceita o observador interno como guia, e o de fora sente o de dentro, durante a aquisição de autoconsciência, torna-se possível preencher o vazio existencial. Deixa-se o autoabandono e a rebeldia dando lugar a auto aceitação.

O indivíduo, quando consciente da “Causa” da conquista de si, passa gradativamente a gostar de permanecer em conexão com o self por mais e mais tempo, pois atinge uma maturidade e começa a sentir prazer em estar em sua companhia. Neste instante suas escolhas deixam de ser “Ego-ístas” (do ego) e passam a priorizar a “Causa” maior de auto domínio.

A criatura focada em manter a amizade prazerosa consigo, diminui gradativamente o interesse pelas distrações, pelas opiniões alheias, e suas buscas do mundo vão deixando de ser sua prioridade. O mundo interno torna-se tão feliz que si basta. E a ânsia da conquista de SI, o torna incansável e motivado. Seu maior prazer é o trabalho que manifeste a expressão da Luz do self.

O ente torna-se corajoso e forte ao perceber as delícias da auto conquista.

A coragem e a força são obtidas, primeiramente, pela “percepção” intelectual de que o Ego é o corpo abençoado para sua manifestação, com as qualidades e defeitos que ele próprio criou quando ainda era imaturo. Então, passa a rir de si mesmo, ao ver as bobagens que cometeu e ainda as repete na sua infância.

Em seguida, aquilo que percebia com a mente, dá lugar ao “sentir” a alegria, de saber que nunca esteve ou estará só. Pois, sempre esteve na companhia eterna da Luz do EU que o dirige! Quando passa a sentir a expressão do EU, surge a humildade legítima; aquela que não se abala com críticas e nada é capaz de rebaixar sua autoestima, por que reconhece o valor da Luz.

É justamente a humildade que o torna grande e forte! A aceitação começa a surgir como por encanto e dela uma compreensão pelas atitudes insanas que ainda se observa no mundo. Desta observação compas-siva, deve surgir o amor, que ainda não sei o que é…. Mas, momentos que experienciei a aceitação,  filha da humildade, como um paradoxo me fiz grande e forte. Minha Luz brilhou e me tornei altiva e firme! E neste momento, nada pôde apagar a minha Luz!

Pretensiosa? – Muitos dirão… , mas eu digo: – Não é pretensão levar a Luz que nos é ofertada, é o motivo de existir!

-É caminho para fortes escalar a montanha íngreme e árida de si mesmo. Mas, todo o esforço em contornar as pedras do caminho é compensado nos primeiros lampejos do “sentir” a própria Luz!  – Às vezes, olhamos para fora e para baixo esquecendo de focar a Luz interior, nos desviando do caminho. Mas ela sempre nos trará de volta para casa.

Requer treino diário em vigiar a “Presença” no “dentro de si”. No cuidado com “o que estamos sentindo agora” em nosso interior, com “atenção plena”! Deixando de sonhar com o futuro ou de permanecer perdido no passado, para andar junto consigo, durante a viagem.

O ego é o nosso grande aliado e parceiro de caminhada, que deve ser acolhido pelo Eu amoroso, flexível, leve e “paz-ciente” que o dirige. Quando unidos, manifestam em parceria a própria Luz, a própria Paz, a “causa” da busca e a “consequência” de muitas viagens realizadas!  Acredite, ninguém pode apaga-la!

“Vós sois a luz do mundo.

 Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;

Nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire,

 Mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa.

 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,

Para que vejam as vossas boas obras,

E glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”

[Mateus,cap.5, v.14-16]

 

1.citação do prof. Wagner Borges (www.ippb.org.br)

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