Pílulas de Leveza é o nome que dei para uma série de Podcast que estou publicando para as pessoas que não tem tempo para ler. Deste modo, poderão acompanhar os textos enquanto fazem outras coisas, ou dirigem. O intuito é passar dicas com uma visão mais amorosa e leve das questões da vida.
Como hoje é dia das Mães, lembrei-me deste texto de Madre Tereza de Calcutá:
“Os filhos são como as águias, ensinarás a voar, mas não voarão o teu voo. Ensinarás a sonhar, mas não sonharão os teus sonhos. Ensinarás a viver, mas não viverão a tua vida. Mas, em cada voo, em cada sonho e em cada vida permanecerá para sempre a marca dos ensinamentos recebidos.”
Criar filhos para autonomia, é dar-lhes as respostas às suas necessidades e deixá-los voar progressivamente para mais longe, conforme o tamanho das suas asas… forem crescendo
Nós, mães, vamos modelando-os conforme nossos sonhos. Mas, eles viverão os sonhos deles, com a segurança da base com que foram atendidos, modelados e acolhidos. A partir da maioridade, a liberdade de escolher por onde querem andar é só deles.
Nos preocupamos com os voos de nossos filhos. Mas, e com os nossos voos? Por onde irão nos levar?…
Quem terá esta resposta? – Não creio haver ninguém capaz de responde-la…
Refiro-me aos voos internos. Sobre as reflexões e insights que temos, sobre a liberdade de voar…
Penso ser uma conquista da alma, para vivermos numa condição de autenticidade. Ela surge da libertação dos medos de julgamentos externos, ou da opinião dos outros. Ou ainda, do receio de não sermos aceitos, de sermos criticados ou enganados, magoados, entre outros. Todos temores, que nos impedem de nos expressarmos com espontaneidade, como as crianças fazem. Mais fácil seguir prisioneiro da boiada, do que ser um boiadeiro que voa com águias… Quem iria aceita-lo…
Crianças, nem cogitam aparentar posições sociais, sentimentos que não estão sentindo, ou camuflar emoções. Falam o que lhes vem à cabeça, sem preocupar-se com a repercussão que poderão causar.
Simplesmente, vivem o presente, alegremente. E expressam-no de acordo como o que sentem.
Mas, vamos crescendo e nos deixando influenciar no mar das críticas, julgamentos e intromissões alheias. Há tanta sede humana em rebaixar o outro para sentir-se superior, tanta inveja, e presunção nas pessoas, que acabamos por nos afastar das relações humanas e desacreditar que exista possibilidade de verdadeiras amizades, onde se possa ser como se é, sem máscaras.
Por isso, se você tem um amigo, conserve-o! Pois, nestes dias de redes sociais, com centenas de seguidores virtuais, nunca as pessoas reclamaram tanto de solidão.
No meu entendimento, Liberdade é poder conviver bem e afetuosamente com as pessoas. É ser leve, sem carregar o que é delas consigo. Isto significa, que se elas estiverem com problemas, agressivas, alheias, desrespeita-lo, ou vierem desabafar e despejar suas amarguras e melecas emocionais sobre seus ouvidos, tudo isso será percebido como carga emocional da outra pessoa. E essa percepção, só depende de nós.
Muitas vezes, após algum encontro, ficamos mal, saímos rebaixados, ou simplesmente cansados de ouvir lamúrias. Isso ocorre, por não estarmos atentos às nossas próprias emoções. Se estivéssemos, perceberíamos que se estávamos bem e depois do encontro passamos mal é por que carregamos o que não é nosso, deixando de ser leve, por levar o peso que pertence ao OUTRO.
Tanto faz, se são as amarguras, queixas, problemas reais, dores, farpas, críticas, julgamentos, azedumes, desrespeitos ou simples opiniões. Não são nossos, não carregamos! Isso não significa negar ajuda.
Podemos e devemos estender a mão. Mas, sem se enfiar no atoleiro das emoções do outro, ou fazer a lição de casa que é dele. Não temos que resolver o problema de ninguém. Amparar e acolher, sempre. Mas, sem envolvimento emocional. Pois, ninguém passa pela lição que já aprendeu. Cada um tem a sua. Confie na vida!
Se nos habituarmos a manter observação constante das nossas sensações, ficará mais fácil perceber quando e por que elas se alteram. Então, passar a diferenciar as emoções que não são nossas, e como os encontros nos influenciam positivamente ou não, é um bom caminho para vivermos mais leves. Estou me esforçando para isso!
Ser livre, é ter este autoconhecimento prático de distinguir o que é seu, daquilo que é opinião do outro.
Na medida em que vamos nos conhecendo melhor, diminuímos nossa irritação com provocações de pessoas invasivas. E, naturalmente, nos afastamos de falsas amizades e dos manipuladores. Além de ficarmos mais atentos e centrados em quem se é, para não cair em emboscadas e ser enganado.
Estar centrado em quem se é, nos garante um estado de Presença, que nos amplia a fé em nossas próprias capacidades. Passamos a acreditar nas nossas intuições e na direção que nossa alma nos incentiva a tomar.
A cada dia, o outro vai ganhando um distanciamento emocional em nossas vidas e as opiniões externas e aprendizagens sociais deixam de ter o mesmo valor. Quando damos mais validação, à direção ditada pela própria alma, garantimos nossa liberdade emocional do externo e do que foi aprendido.
Assim, dando valor às próprias experiências e conquistas, deixamos de validar ou avaliar os outros como maiores ou melhores do que nós. Nem tão pouco, dar importância ao que pensem ou falem de nós. A experiência deles, servirá para eles. Somente as minhas experiências servirão para mim.
Pois, é este reconhecimento de si, nas experiências materiais, emocionais e de convivência, (que advém de um amadurecimento) que nos dá a auto percepção da individualidade e nos liberta e separada do outro.
Ainda somos como os bebes, por volta dos 2 anos, quando passam a dizer “EU”. É um momento importante, estudado por educadores, quando reconhecemos nossa individualidade em meio ao grupo familiar.
No segundo nascimento em vida, passamos por um segundo, ou terceiro e diversos outros reconhecimentos da individualidade. É quando saímos do útero social, que nos condiciona e gera hábitos, opiniões e modos de agir com padrões coletivos e não próprios.
Este momento é mais difícil, pois enquanto a saída do colo materno se passa sob os cuidados do lar, o segundo momento se passa sob críticas, rebaixamentos, tentativas de sabotagem, calúnias, em inúmeros embates sociais, que na sua maioria só podem ser resolvidos por nós.
Como em uma guerra, vivemos como náufragos ou soldados, tentando sobreviver aos ataques e as intempéries, que serão sentidos, mais ou menos intensos, de acordo com nossa fragilidade moral.
Liberdade é um bem precioso e precisa ser conquistada e preservada, com lutas internas e às vezes com guerras externas, como estamos presenciando nos dias atuais (05/2022). Ou ainda, as que já vivenciamos em tantas eras e povos, em nosso planeta.
Como guerreiros, temos que ir à luta. Mesmo com medo de enfrentar as próprias sombras e aos ataques externos, temos que seguir em frente. A batalha não é fácil, mas vale a pena alcançar a leveza e o gostinho da conquista da liberdade!
Sigamos livres e leves!