Manipulação: Como cortar as amarras?
Estudar, pode ser um bom começo. Pois, somos todos manipuladores quando queremos algo de alguém, como favores, permissões, trabalhos, coisas materiais, presentes, atenção, ou até carinho e afeto.
Somos bem mercenários, mesmo com aqueles que dizemos amar.
No fundo, sempre pensamos em nós mesmos. Nas nossas necessidades e comodismo.
Ainda somos fixados no egocentrismo, como na fase infantil, em que as crianças não reconhecem as necessidades dos que estão ao seu entorno. Acham-se o centro das atenções, pensando que todos estão a sua disposição.
Este nosso egoísmo diminui, à medida que amadurecemos e nos damos conta daquilo que já podemos realizar e de como suprir nossas carências, de modo mais independente e auto confiante.
No entanto, enquanto nos acomodarmos no:- “faz pra mim”, no mimimi, nas chantagens emocionais ou, nas tentativas prepotentes de controle, não crescemos. E enquanto alguém fizer por nós, mais frágeis e acomodados nos tornamos.
Uma sugestão para dizer não
“Eu sinto muito por ter dado a impressão de que estaria 100% disponível para te atender. -Eu peço perdão. Mas, só posso te ajudar até aqui”
Esse tipo de resposta, deveria ser a tônica de quem se sente manipulado. Um modo educado de dizer “não” e manter-se nos limites.
Aceitar ajuda, sim. É saudável. Mas, observar quando nossos pedidos se tornam abusivos, ameaçadores, oriundos de chantagem emocional, ou da nossa preguiça e acomodação.
Para deixarmos de manipular ou sermos manipulados e frágeis, um caminho é desenvolver a autonomia e independência, nas mais diversas áreas da vida, para nosso crescimento, liberdade e realização. Tornar-se independente, nos fortalece e nos faz feliz, por chegarmos mais perto do auto amor.
Há formas sutis de manipulação
Alguns modos são bem declarados e facilmente percebidos. São as ameaças, as chantagens emocionais, pressões ou castigos que tolhem a liberdade ou usam da violência física e verbal, para conseguir o que se espera do outro. Cobranças, premiações e presentes em troca de favores, também entram neste quadro.
Neste quadro das chantagens, há os que se fazem passar por vítimas e coitadinhos, afirmando que vão morrer se você…, ou não vive sem o outro, ou irá se matar se você… entre outras.
Outros modos são menos declarados: São comentários que nos fazem sentir culpados, diminuídos, ou rebaixados, do tipo: “-não faz nada direito”, “-esperava mais de você”, ou “-não esperava esse comportamento da sua parte. Geralmente, vindo de críticos, controladores ou reclamões que esperam que façamos por eles, para eles ou do modo deles.
Além destes tipos de manipuladores, há aqueles que sutilmente, distorcem a conversa e nos confundem, para acreditarmos que precisamos dos seus conselhos. Para escolhermos o melhor caminho a seguir, que sempre é o roteiro dele. (Implicitamente está dizendo que não temos capacidade de escolher nosso próprio caminho e o dele é melhor). – Querem que sejamos sempre dependentes dos seus conselhos e opiniões e façamos o que eles acham bom para nós.
Se não quisermos dizer que preferimos tomar as próprias decisões, fazer as próprias escolhas, assumindo os riscos, podemos dizer apenas que irá pensar na proposta, agradecer, mas ligar o “delete”. Pondere e faça A SUA escolha!
Qual o motivo de nos submeter às chantagens e manipulações?
Muitas vezes, não percebemos que a cobra anda silenciosa e se enrosca sorrateira. Este é um dos motivos. A opção é andarmos mais atentos, avaliar nossos valores e fraquezas e observar as atitudes dos que nos rodeiam, quando nos confundem ou diminuem, São indícios para perceber.
Outro motivo, é não querer ver ou fingir não perceber. Iludir-se para continuar no comodismo e no autoengano. Permanecer na falsa sensação de que tudo vai bem, na ilusão de que não precisará agir e se mover para crescer e sair do atoleiro em que se afunda.
Inúmeras formas de carências, medos, culpas e inseguranças, nos fazem aceitar os mais variados modos abusivos de manipulações, numa relação de autoengano, desamor e baixa estima. Gerando inclusive, doenças autoimunes (no auto combate).
A pior forma de manipulação é a que exercemos contra nós próprios!
Nos manipulamos quando nos sentimos incapazes, culpados, derrotados, negativados, reclamões, mas principalmente, quando nos acomodamos. O famoso auto boicote*!
Nos auto boicotamos, quando tomamos atitudes compensatórias. Isto é, quando ganhamos ou agimos para alguma compensação, que prejudica nosso crescimento ou felicidade, ou quando nós estacionamos e acabamos por adoecer.
Por exemplo, quando vou compensar minha frustração me presenteando com mais um chocolate, sabendo que estou com a glicemia alta e muito acima do peso, e adoecerei. Outra forma de compensação, é deixar-se abusar pelo parceiro ou chefe, em troca de migalhas, ferindo seus princípios e integridade, humilhando-se, por medo ou achar-se incapaz de arregaçar as mangas e ir atrás de aprimorar seus valores e conquistas pessoais.
Auto amor é Autocuidado
Quem se ama aprende a suprir-se em primeiro lugar. Arregaça as mangas e avança nas conquistas. Isto não significa ser 100% auto suficiente ou recusar ajuda ou deixar de ajudar alguém.
Sempre precisaremos uns dos outros. O segredo está em caminhar com auto amor, numa parceria justa, espontânea, em relações amorosas, com respeito as diferenças no convívio. Somente nos amando é que teremos esta noção de justiça, que sustenta o corte das manipulações, nas duas direções (do manipulado e do manipulador).
Primeiro amar a si, depois ao próximo. É o modo mais autêntico, para experienciarmos o que chamamos de amor. Estabelecendo relações com partes inteiras, ao contrário de metades dependentes.
Soltando as amarras: faça os exercícios
Seguem 2 sessões de perguntas a responder, para nos conhecer melhor. A primeira sessão para percebermos quando é que manipulamos. E, a segunda, para detectarmos as causas de nos deixar ser manipulados e abusados.
l- Quando é que eu manipulo? – Qual o modo de manipulação e controle que utilizo? – Qual a minha finalidade? – O que espero ganhar? – Qual a razão para usar este artifício mesquinho da manipulação, e não agir de modo aberto e espontâneo? – Percebo quando quero controlar?
ll- Quais as pessoas que me manipulam mais? – Com quais me sinto pior ao lidar? – Me deixo manipular por elas? – Qual forma é mais dolorida? – De qual pessoa vem a manipulação que mais me incomoda? – Por qual razão me deixo manipular? – Qual a razão de não reagir? – De que modo delicado e firme, poderia dar um basta nesta manipulação? -Qual a razão de não me colocar e me abrir com a pessoa manipuladora? – Qual o meu medo? – Tenho dificuldade em dizer “não” ao abuso? – Qual a minha maior dificuldade em reverter esta situação? – De que modo dou permissão ao outro, para o abuso?
Investir este tempo em refletir e responder para si, é um ato amoroso de auto acolhimento e aprimoramento pessoal, que visa nossa libertação.
Invista em você. Solte as amarras!