Um certo Frei pediu para escrever sobre este tema. Mas, confesso que achei bem difícil refletir sobre a questão, pois ainda não aprendi a guiar-me pelos sentimentos.
Considero que “sentir escolhas” seria o ideal, pois sentimentos não enganam. O coração se expande quando estamos alegres e temos a certeza da alegria e do bem-estar que nos invade.
Por outro lado, “percebo” com a mente que toma consciência pelos sentidos, raciocina, elabora, pondera, avalia… para escolher! Mas, toda a inteligência do mundo não será suficiente para saber se a escolha será acertada…
Sinto com o coração? – Pelo menos é o que dizem por ai… Mas, para que sentimos? E onde está o lugar no corpo onde sentimos? – O coração bombeia sangue e não raciocina. -Quem será que sente?
O corpo das emoções¹ (corpo-espiritual) necessita de um corpo físico para perceber e aprender a dominá-las, experienciando escolhas cada vez mais acertadas pelo sentir.
Se for assim, o que será mais sábio? – Escolher com o “perceber” dos sentidos ou com o “sentir” do espírito?
PERCEBER direciona nossas escolhas para a personalidade manter-se, planeja e decide. Enquanto o SENTIR é direcionado pelo ESPÍRITO, para escolhas mais adequadas para nossa evolução e realização espiritual. Perceber e sentir são interdependentes, enquanto encarnados.
Então, para que o espírito se realize, as escolhas pelo SENTIR do EU trarão a completude, mas para isso, o corpo físico também deve fazer boas escolhas para sua manutenção e poder ser um instrumento duradouro e eficiente para as conquistas do espírito.
Novamente, PERCEBEMOS com o discernimento da mente e com os cinco sentidos, a importância do caminho do meio, tanto para manutenção do corpo como para a realização do espírito.
Como manter o equilíbrio para a principal escolha que temos que fazer em nossas vidas? – “Empregar equilibradamente nosso tempo, entre corpo e espírito”. Correr contra o tempo, que passa rápido e inexorável na constante luta entre corpo e espírito, ou da sombra e luz?
Passei a meditar sobre isto e a resposta chegou ontem (27/10/18) durante uma prática (click para saber mais). Senti um bem-estar indescritível e uma energia muito suave me envolveu. Uma espécie de intuição me foi trazida como um bloco de ideias, a dizer que:- “No instante em que agimos em uníssono, entre corpo e espírito, quando Ego e Self, mente e espírito andam com o mesmo grau de satisfação e alegria em um propósito que faz bem para os dois, o espaço-tempo torna-se aqui-agora, a sensação de tempo desaparece e só há o eterno.”
A corrida cessa e não há mais luta. Não há mais ansiedade ou aflição alguma. Tudo passa a ser e estar incrivelmente bem e leve…
Observando o tempo gasto no dia, pela maioria das pessoas e me incluo nelas, “percebo” que utilizamos muito mais tempo para atividades de subsistência do corpo.
Mas, como a Lei da reencarnação é sábia, uniu o espírito ao corpo justamente para que a necessidade da preservação física nos tirasse da indolência. E, com esta necessidade exercitamos a vontade, pois somos obrigados a criar melhores condições de vida. E neste criar “percebemos”, como espelhos, que se temos o bem refletido ao nosso redor, tudo fica mais fácil. E, da mesma forma, se espelharmos o bem, facilitaremos a outros.
Assim, mesmo nas tarefas básicas do dia-a-dia, realizamos aprendizagens valiosas para o espírito. Nos aprimoramos em relacionamentos, treinamos conviver pacificamente, exercitamos o desapego e gentilezas que beneficiem outros. Desenvolvemos várias qualidades inerentes ao espírito, muito mais do que escalando os Himalaias ou nos isolando em cavernas, vivendo só para o espírito.
É, justamente ao conviver com as diferenças que aprimoramos nossas habilidades de superação dos obstáculos, que nos tornamos mais fortes para continuar nossos caminhos de forma mais harmoniosa, leve e simples. Mas, principalmente, aprendemos a conhecer nossos sentimentos para melhorar escolhas e nos libertar das emoções primárias.
Penso que nosso curtíssimo tempo neste planeta-escola pode ser melhor aproveitado, se escolhermos deixar as muitas distrações que a atualidade nos proporciona ou muito daquilo que a sociedade nos cobra. E também, “deixar ir tudo que fazíamos, mas que agora não faz mais sentido para o plano Divino do EU para nossas vidas²”.
Um exercício de acreditar em si mesmo!… alcançar a leveza e voar…
Então, sigo tateando as minhas escolhas diárias. Como um cego que procura acertar o caminho sem o ver. Mas, se o caminho se faz caminhando, talvez eu o construa “percebendo” e “sentindo” quando me expando ou quando piso no tomate… E assim, vou seguindo confiante de que há um Amor, uma Luz que não se explica, que me guia e mostra que nunca estou só.
E agradeço!…
“Pois em verdade vos digo que,
se tiverdes fé como um grão de mostarda,
direis a este monte: Passa daqui para acolá,
e ele passará. Nada vos será impossível”
(Mt 17.20).
1.Corpo das emoções, possui vários outros nomes, como Perispírito, corpo-astral; corpo-espiritual, e outros.
2.Citação: sr. Lúmen