O Essencial

… “ Na mesma medida que julgueis, sereis julgados”…    [Matheus:7-1]

                         

 

                        – É uma moça ?

                        – É uma velha ?

                        – É um leão engolindo uma mulher!

                        – Não! … É o super-homem!

 

                        – Quem está certo?

                        – Quem está errado?

 

– Haverá um pai entre nós humanos, capaz de julgar e condenar o próprio filho ainda criança?

– A não ser que falemos de um desequilibrado, nenhum pai em sã consciência puniria seu filho. Muito menos, o Pai Maior, Deus, ou o nome que você queira dar para o Criador de todas as coisas no Universo.

– Então, que medida é esta? Como seremos julgados?

– A medida é o peso que damos ao que pré-supomos ser errado. São nossas crenças e regras.

Por exemplo: quanto mais crenças você tiver de que isto não pode, ou que isto é pecado, ou aquilo é inadmissível e criar inimizades, só por que o outro pensa e age diferente de você, maior será sua medida ou seu martelo de sentenciar e condenar o que não vai de encontro com as suas crenças.

Imagine neste Universo de bilhões de galáxias, só a sua verdade ser a suprema, ou o seu modo de agir ser o impecável…. No mínimo, seria muita presunção.

Esta medida terá o peso do próprio chicote que nós próprios nos açoitaremos, na hora que nos pegarmos fazendo o que supomos ser errado, mais uma vez, na presunção de nosso perfeccionismo exigente e descabido.

Aceitação de si mesmo é o remédio para o não julgar-se e só depois, não julgar os demais.

Não é tão fácil aceitar-se falível e passível de errar, sem auto-punição, culpas, remorsos e outras mazelas da incompreensão humana.

Aceitação é sinônimo de humildade. Quando digo: – eu me aceito, apesar de minhas falhas, e por isso aceito o meu SEMELHANTE, aquele que ainda ERRA COMO EU.

-E por que isso é essencial?

– Essencial vem da nossa “essência” da alma; da fundamental necessidade de existirmos, que é aprender a amar a nós mesmos para em seguida amar nossos SEMELHANTES.

No artigo anterior, intitulado: “O Bem e o Mal”, relembro que nosso “BEM” é saber respeitar o Livre-Arbítrio. Já que nossa liberdade de escolha é o nosso Bem Maior. Esse é o primeiro passo para o aprendizado do Amor e do Auto-Amor.

Como ser livre para fazer nossas escolhas? Se estamos presos a regras, pré-conceitos, família, chefe, sociedade, medo do que irão pensar, e outras limitações e apegos, como ser livre?

Ninguém, em bilhões de galáxias, teve ou terá a mesma reação e percepção a um mesmo estímulo. A escolha do que captar e de como responder a um estímulo é única.  Fica gravada em nossa geometria serpenteada do DNA, com seus sons, aromas e matizes únicos.

Somos únicos! Nossos SEMELHANTES também são ÚNICOS! Somos todos, essência do Amor do Criador. Reverenciemo-nos a cada encontro humano, percebendo o Essencial, mesmo que abominemos o comportamento.

Por que julgar? Por que submeter o outro à nossa avaliação, sem conhecer os motivos e circunstancias que o levaram a agir de determinado modo?

A psicologia ensina que um diagnóstico psicoterápico deve seguir rigorosamente ao que é verbalizado no discurso do paciente. No entanto, são justamente muitos psicólogos, que apesar de conhecerem a necessidade do discurso, são eles os primeiros a PRÉ-suporem*[i] motivos mirabolantes para os que não se adequam às limitações dos seus conceitos de adequação a uma sociedade doente.

Felizmente, as descobertas da Psicologia Transpessoal perceberam a existência de uma Essência que transcende a natureza, a família e a sociedade, e que inspira valores e uma busca ao amor incondicional.  As meta-necessidades de Maslow, de fazer o bem e viver o bem e de se expressar individualmente no mundo, em harmonia com as várias dimensões DO SEU SER, incluindo a sua dimensão espiritual, é diferente do antigo conceito de integrar-se a algo externo, ou fazer o mesmo que toda a boiada anda fazendo. É uma busca única!

Entre as religiões, inclusive nas espiritualistas, a herança de um “fundamentalismo-radical-ancestral” parece emergir. Com a desculpa de preservação dos princípios e manutenção da herança doutrinaria. Fico me perguntando o que é mais necessário preservar: – “A doutrina ou a boa convivência? O acolhimento ou o repúdio a quem não pensa como você e sua única verdade?”

A verdade não é enfiada a força em ninguém, ela é sentida por cada um à sua maneira e no seu tempo. A Verdade É!  Não precisa de defensores!

Nosso tempo seria mais bem empregado se ouvíssemos e silenciássemos mais. Ou tentássemos compreender e acolher, ao invés de julgar, lançar farpas ou tentar “ajudar” de acordo com nossas medidas, a quem nem pediu.  Seria um engatinhar para aprendermos a amar e nos relacionarmos com mais sinceridade.

 

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[i] Pré-supor, o mesmo que criar uma suposição ou conceito- prévio, sem bases reais. O mesmo que PRÉ-CONCEITO.

 

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