De volta para casa…

 – Que casa? – perguntou a Personalidade.

– A Tua Casa verdadeira! – Aquela Casa que você sente saudades e perambula agoniado pelo mundo, tentando encontra-la! – explicou dona Consciência.

– De fato! – Argumentou prepotente, a personalidade. – Porém, aquiescendo divagou: – Parece que nada me satisfaz…  – Busco isto e aquilo, faço aqui e ali, mas tudo parece sem propósito e sem alma… Ninguém me compreende…

– De tanto procurar acaba por perder-se… –Hahaa! – brincou a sra. Consciência.

Mal humorada, a personalidade replicou:

– Não brinque com estas coisas! – Estou falando sério!

– É, serio até demais! – Você não acha que dá importância demais para a sua desdita? – Provocou a Consciência.

– E não é para dar? – Esbravejou a personalidade, continuando irritada e cheia de si: – Por acaso, não é para isso que estamos aqui, nesta existência?

-Sim! – respondeu, simplesmente, a Consciência, parecendo não dar a menor importância para a irritação da Personalidade, deixando-a ainda mais irritada.

– E como acharei meu destino? – O que é o meu propósito de existir?

– Aprender a servir! O que significa a mesma coisa que amar.

– Servir e amar, a mesma coisa? Sorry, mas não entendi…

– Pacientemente a Consciência explicou: – Sim, o amor do Criador está em cada átomo de todas as coisas do Universo. Ele serve a tudo e a todos, em todas as galáxias, há milhares de anos, desde a criação e não pede nada em troca. Somente doa a todos, sem excluir ninguém, por puro amor e aguarda paciente que reconheçamos o quanto somos amados e o imitemos!

– O dia que nos sentirmos amados por Ele, nos transformaremos em Deuses! Em amor puro! Que, como Ele, serve incondicional e incansavelmente!

– Ahhh! Muito simples. – Ironizou, a Personalidade.

– É! Simples, assim! E, por ser simples, complicamos! – Falou a Consciência, calmamente.

– Mas, servir a quem? – A o que?  – Como?

– Com voz mansa e acolhedora, dona Consciência inquiriu:- Querida Personalidade, você já ouviu a frase: “não é possível servir a Deus e a Mamon”?

Como a Personalidade silenciou, sem assumir sua ignorância, a Consciência continuou a explicar com carinho: – Sem dúvida, as coisas do mundo nos fascinam e tem seu valor de suporte para servirmos. O problema é que invertemos a medida das coisas! Isto é: – ao invés de utilizarmos uma moradia confortável para estarmos descansados e bem dispostos para servir e trabalhar todos os dias, fazemos o contrário: – Trabalhamos extremadamente para termos a moradia confortável e chegamos a noite, tão cansados, que mal aproveitamos o conforto. No dia seguinte, seguimos cansados e mal humorados, trabalhando descontentes, perdendo o foco primeiro que era servir.

– Outras vezes, buscamos tanto um grande amor… – Ah, se eu tivesse uma companhia para seguirmos juntos servindo e amando! -Tornaria minha caminhada menos solitária… Mas, diante do ser amado (a), vamos encenando tantos artifícios para manter a conquista ou para suprir nossos medos e carências, que o amor pretendido se transforma em barganha, servilismo e distancia-se cada vez mais da razão primordial do encontro, que era servir juntos.

Assim, buscar as coisas no mundo, tem uma finalidade de nos dar suporte para servir.

Porém, as coisas do mundo nos seduzem. São maravilhosas, sem dúvida. Mas, o que levaremos para casa? -Se, para mantê-las gastamos nossas forças, nossa saúde e nosso tempo…

No final, encontraremos um grande vazio. Uma roda-viva, sem propósito e sem amor.

– E a quem devemos servir? –Perguntou a Personalidade, boquiaberta, reconhecendo a profunda verdade da argumentação.

– A Consciência, satisfeita ao perceber a humildade e o interesse da Personalidade, prosseguiu: -Se Deus está em tudo, em cada átomo ou partícula de qualquer coisa ou pessoa dos Multiversos, sirva onde você for mais feliz e onde as pessoas ao redor sejam beneficiadas. Não faça nada forçado ou pensando só em si mesmo. Não assuma compromissos em demasia, você irá esquecer-se do ‘por que’ está fazendo aquilo. Terá um desgaste desnecessário. – Use sua liberdade de escolha para fazer aquilo que se sinta mais útil. E ai faça com presença e amor. Mas, isto exige renúncia.

– Renuncia? – do que?

– Percebendo o interesse, a Consciência prosseguiu entusiasmada: – Renuncia de nosso ‘desejo central’, em primeiro lugar.

– ‘Desejo central’? – O que é isso?

– Desejamos muitas coisas neste mundo maravilhoso. E todas as pequenas coisas que buscamos, nos distraem, esgotam nosso tempo, nos desgastam e giram sempre em torno de alcançar um ‘desejo central’. Por exemplo:- trabalhamos enlouquecidamente para comprar um carro, com a finalidade central de conquistar a pessoa amada, ou alcançar o poder, ou o status social, ou o reconhecimento do mundo. Então, o que nos movimenta a trabalhar é o ‘desejo central’ e não a compra do carro em si.

Por isso, é preciso nos conhecer e descobrir qual nosso ‘desejo central’ na vida. Qual “Mamon” nos move?

– E qual a razão de renunciarmos nosso ‘desejo central’ se é ele que nos move a agir? Redarguiu a Personalidade, em tom discordante.

– Justamente, por que o ‘desejo central’ nos move a agir no mundo e para fora de nós. Ele nos leva para longe de casa. É este querer implacável de conquista (seja de um amor, de um emprego, de um status, de manter a família, de reconhecimento, ou até mesmo de ser útil ou de manter a saúde). O ‘desejo central’ nos faz dar voltas e voltas para longe de nós, nas rodas de sansara. – Ficamos tão obcecados na busca de algo que satisfaça nosso ‘desejo central’ de preenchimento desta carência egoísta de nossa personalidade, que nos esquecemos do propósito de nossa existência, que é servir nas tarefas simples que a vida apresenta.

Mas, se estamos apegados ao ‘desejo central’ de manutenção da nossa Personalidade Atual, nos esquecemos de nosso propósito, que é nos unir a Deus e nos distanciamos da Casa do Pai.

Voltemos para casa! – Descubra o ‘desejo central’ que te move e desista dele. Ele é a tua maior carência que te distância de Casa. – E, entrega-te a servir sem desejos, desapegado de tudo.

…” já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”… [gálatas 2-20]

-Eu, sem desejos, sou Deus!

– Puxa! Exclamou a Personalidade pensativa… – Vou ter que pensar nisso, e descobrir qual o meu ‘desejo central.’ – Mas, quem é você, dona Consciência?

– Eu? – Sou Tua Casa! – Sou Deus em Ti!… – Volte pra Mim como o filho pródigo, para festejarmos! … Espero-Te sempre! … Sirvo-Te com Amor!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *